segunda-feira, 10 de março de 2014

A mulher atrás? Como assim?


Por Carolina Farias


Para meu alívio, um belo dia eu descobri que o ‘atrás’ do início da célebre frase, tinha como causa a paralisia que obrigava seu autor- o presidente Roosevelt - a ser guiado pela esposa em cadeira de rodas. Digo 'alívio' porque somos propensos a seguir certas máximas como sendo uma obrigação (quase) religiosa. E, como eu adoro desmistificar coisas, fui pesquisar a respeito dessa frase essencialmente machista.

E hoje, dia dedicado especialmente para homenagear as mulheres, gostaria de abordar o tema à luz da Bíblia.

‘A mulher foi criada para ser a perfeita contraparte do homem, não sendo inferior nem superior, mas equivalente e igual ao homem em sua pessoalidade, enquanto diferente e única em sua função’.

Quando Deus fez o primeiro homem, disse que não era bom que ele ficasse só, da mesma forma que nunca quis que a mulher ficasse em segundo plano em absolutamente nada. No casamento então, nem dois seriam, mas uma só carne, PORÉM, sempre exaltando a individualidade da mulher, dando-lhe valor e responsabilidade ao longo da existência humana. Ou seja, machista não é Deus. O ser humano caído e pretensioso, este sim, tem natureza machista e se põe acima de Deus nas suas próprias convicções e tradições repassadas e adquiridas ao longo do tempo.

Ao observarmos atentamente a esposa virtuosa de Provérbios 31 descobrimos que se trata de um perfil muito atual e que tem todos os elementos que agradam a Deus:

Razoável independência (v16) Confiabilidade (v11) Capacidade de assumir responsabilidade (v13) Bom gosto (v22) E determinação para ser digna de honra e elogios (v 28 a 31) - Bíblia da Mulher, pg 830.

No AT vemos o exemplo de Débora que era profetisa e uma simples dona-de-casa sendo escolhida por Deus para liderar uma nação, tornando-se juíza e líder militar, LIBERTANDO seu povo em tempos de guerra. Tem também Ester, a quem Deus concedeu enorme coragem e grande sabedoria para livrar Israel da destruição; Tem Rute, a moabita, de cuja descendência veio O Salvador! Miriã, que desde criança mostrou-se inteligente ao conduzir e vigiar o irmãozinho, tornando-se mais tarde grande líder; considerada a mais notável mulher hebraica da sua época, foi ainda grande musicista e profetisa. Havia ainda tantas outras mulheres expressivas tais como Ana, mãe de Samuel, e Abigail, que ao usar de grande habilidade mudou o rumo da vida do futuro rei Davi.

Tempos depois, em Sua perfeita Soberania, Deus não precisaria de uma mulher para realizar Sua obra salvífica, mas escolheu uma menina-mulher- Maria - como instrumento, fazendo triunfar a fé sobre o dogmatismo. Esta, por sua vez, compreendendo que o foco era Jesus, disse: Que se cumpra em mim conforme a Tua Palavra.

Isabel, parenta e mãe espiritual de Maria, destacou-se duplamente: como sua mentora extraordinária e como mãe do pregador que viria a ser o portador da mensagem de arrependimento, preparando o caminho para o Messias.

Quando Jesus nasceu, outra Ana servia no templo e vivia ajudando no serviço religioso oficializado naquele local ( Lc 2:36.38)

Nos tempos do NT, Jesus SEMPRE enfatizou o ministério das mulheres no evangelismo, ficando bem evidente sua atitude revolucionária/restauradora quando apareceu para a mulher no poço de Sicar, já que por razões culturais era considerado impróprio para um rabino abordar uma mulher, principalmente uma mulher com aquele perfil. Enquanto ela era discriminada, Jesus a restaurou fazendo-a evangelizadora, com o dom de exortação, persuadindo e incentivando outras pessoas a conhecerem-NO.

"Muitos samaritanos daquela cidade creram nele EM VIRTUDE DO TESTEMUNHO DA MULHER!" (Cf. Jo 4.39)

Observe-se que no Sermão do Monte, onde Jesus deixou a todos maravilhados com Sua doutrina, não existe nenhuma alusão-proibição no que concerne à atuação da mulher evangelizadora. (Mt caps : 5-6-7)

Jesus exaltou o fato de Maria de Betânia ficar aos seus pés, ouvindo seus ensinamentos e repreendeu Marta, sua irmã, que queria que a mesma a ajudasse nos afazeres domésticos, numa reação típica de uma cultura que achava que uma mulher não devia receber ensino sobre as verdades espirituais. E, rebatendo com o intuito de ensinar-lhe e encorajá-la a aprender, disse: “Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada”.

Ora, se Ele discriminasse mulher – e principalmente naquela cultura judaica à época - eu já imagino o que ele diria:

- Ela tem razão, Maria. Por que você não vai pra cozinha ajudar sua irmã? 

A bíblia relata também a passagem da mulher que, em silêncio, estava prestes a ser apedrejada e Jesus dirige a palavra justamente a ela - ignorando questões culturais hipócritas que responsabilizavam a mulher pela luxúria (ora, ela transou sozinha?!) e por isso deveria estar isolada do homem – sendo essa mulher particularmente discriminada não apenas pela sua condição feminina, mas ainda pela sua conduta.

Ressalte-se também a permissão de Jesus para que Maria Madalena fosse a primeira mulher a vê-Lo e a falar com Ele, tendo sido inclusive, a primeira pessoa a contar as Novas aos outros, ainda que nos moldes da época o testemunho de uma mulher fosse considerado inválido.

E muitas outras mulheres cooperaram das mais diversas formas, no ministério de Jesus... (Cf Lc 8:1.2.3).

O Evangelho se propagou e, mais tarde, Paulo começou a enviar cartas específicas para as localidades.

Inclusive há certa confusão em interpretações doutrinárias devido a uma suposta discriminação feita por Paulo às mulheres de Corinto, quando na verdade tratava-se de um meio disciplinador, uma vez que as mulheres da alta sociedade manipulavam grande parte do poder econômico e faziam valer suas vontades. Era comum elas usarem de capricho para com seus maridos, influenciando-os sobre o que deveriam ou não fazer. Esse era um costume feminino quase generalizado permanecendo por muito tempo na igreja primitiva.

Na carta que escreve ao povo de Filipos (4.3), fica claro que Paulo não dispensa a ajuda das mulheres, lembrando ainda de Lídia e Priscila que eram cooperadoras em seu ministério de evangelização.

Aos gálatas (3.28), ele diz que não há distinção de sexos.

Em Tito 2:3.5 as mulheres recebem ordem para ensinar na igreja.

Quando ele diz aos efésios para a mulher ser submissa ao marido, deixa claro que o marido AME a mulher, comparando à relação de Cristo com a Igreja (Ef 5.23), numa alusão ao que Deus requer numa relação conjugal; pois ELE não quer submissão em detrimento da responsabilidade da esposa de andar em santidade e retidão diante dEle. Afinal, o marido não é Salvador, e sim, protetor. Dessa forma, na submissão VOLUNTÁRIA, a esposa serve a seu marido, com liberdade e dignidade, ASSIM COMO a Igreja serve a Cristo.

O objetivo de Paulo era impor uma nova concepção conforme o que Jesus havia pregado sobre a vida espiritual, desfazendo conceitos, erradicando costumes, mudando a visão e o pensamento dos novos convertidos.

E este, continua sendo o nosso objetivo – nós, mulheres cristãs – quando precisamos estar cada vez mais atentas ao papel que nos foi confiado, pois mesmo tendo passado mais de dois mil anos, ainda existe enorme disputa e grandes equívocos em nome de Jesus e onde, ironicamente, nós mulheres, nos tornamos vítimas da nossa própria influência no meio em que vivemos.

Mas existe uma fórmula simples: colocar Deus no comando que sempre foi Dele. 

E olha lá, heim! Mulher atrás, apenas em situações específicas. 

Como no caso do presidente citado acima.

E que Deus abençoe a todas nós, mulheres, fazendo-nos enxergar o mandamento de ser LUZ DO MUNDO!

Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres, disse:
Não temais; porque sei que buscais Jesus, que foi crucificado. (Mt 28.5)
E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse:
Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. (Mt 28.9)

Fonte: Bora Ler

Uma Característica essencial dos eleitos!

Por Josemar Bessa

- Paulo mostra uma característica essencial dos Eleitos -
Se pensarmos na frequência com que um termo é usado como referência a maneira que Deus deve ser honrado a gratidão está no topo da lista: “Não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças...” (Romanos 1.21). A Bíblia nos apresenta muitos como alegria aos servir a Deus... mas não existe um conceito mencionado mais do que a gratidão.

Nos Salmos nós vemos, por exemplo, gratidão na oração, no louvor, nos cânticos, em culto público, em nossos momentos de solitude... O que isso nos ensina? O que Deus está enfatizando como característica essencial do viver que o glorifica? Que a característica da gratidão deve ser algo proeminente, deve ser óbvia em nossas vidas para todos os homens contemplarem, deve ser exibida abundantemente.

Por que isso é fundamental? O por causa do que a verdadeira gratidão forçosamente mostra estar acontecendo no interior do ser humano. Quando de fato somos gratos, estamos reconhecendo uma dívida. Quando falamos “obrigado” no dia a dia, por gentilezas e apoio por coisas mínimas ou grandes, sendo uma expressão sincera de agradecimento, é um reconhecimento de que estamos em dívida com alguém – Nós abreviamos a frase para um breve “obrigado” – mas a frase original queria dizer: “Me sinto em dívida ( obrigado ) com você” – Me sinto obrigado a retribuir... Se é benéfico expressar gratidão uns com os outros, imagine quão infinitamente benéfico é ter uma verdadeira gratidão para com Deus.

Ao darmos graças a Deus, reconhecemos numa escala inimaginável, nossa dívida para com Ele por tudo que temos e somos – cada esperança que sustenta nossas vidas, cada promessa que dependemos, cada pedaço de pão, a lista simplesmente não tem fim, ela pode ser expandida ao infinito... “Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” (Atos 17.28).

Paulo nos coloca diante de uma lista de características dos eleitos de Deus: “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos. A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração. E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. Colossenses 3:15-17

Nos três versos o tema fala da atitude que adotamos – nos três versos acima o tema comum é a gratidão. Cada verso mostra uma perspectiva ligeiramente diferente sobre a gratidão.

No 15 Paulo fala sobre submetermos nosso coração, mostrando que a paz de Deus então dominará nossos corações – e então “sejamos agradecidos”.

No 16, Paulo diz que a Palavra de Cristo deve habitar em nós, e particularmente aqui, através do nosso louvor, música... E ele então conclui“cantando ao Senhor com gratidão”

Já no verso 17, Paulo nos dá um princípio que domina todo nosso viver – Tudo o que fazemos, o que falamos... deve ser feito em nome de Cristo, nosso Senhor – ou seja, de uma maneira que tenhamos certeza de que Cristo esteja sendo Honrado. E então Paulo conclui – “Dando por Ele graças ao Pai”.

Vamos olhar hoje apenas a primeira, que a “Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos”. Colossenses 3:15

Essa é a grande característica do reinado do Messias – Paz! Ele, como diz Isaías 9.6, é o “Príncipe da Paz!” – Quantas vezes em seu ministério terreno nós vemos sair dos lábios de Cristo: “Vá em paz!” – Ou quando falando aos seus discípulos temerosos disse: “Deixo-lhes a paz; a minha paz lhes dou. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbem os seus corações, nem tenham medo”. João 14:27

Paulo em todas as suas cartas inclui a saudação – “Paz” – Aqui ele está dizendo que eles deixem a paz de Cristo ser o juiz em seus corações. Ou seja, ela vai estar dirigindo, vai ser a base de meus pensamentos e opiniões, dos planos e das ações – O que é essa paz de Cristo? Um outro texto de Paulo nos dá uma boa resposta: “Tendo sido justificados pela fé, temos paz com Deus por meio de Jesus Cristo” (Romanos 5.1).

Na alienação da criatura com seu Criador, rompendo completamente a comunhão entre eles, os colocou em inimizade, na qual a paz é impossível. Já nascemos no mundo debaixo da ira, em estado de condenação, é só por meio da graça podemos ser libertos, e Deus só faz isso através de Cristo. Fora de Cristo todo homem só conhece Deus como seu inimigo. Nele toda violação a santidade de Deus é curada, todo preço é pago, toda justiça é satisfeita, todo medo desaparece, e podemos comparecer diante dEle não só sabendo que a ira se foi, mas que agora em Cristo somos amados por Ele. E sabemos mais, que esse amor é eterno.

Sabemos que Ele triunfou da morte em nosso lugar e agora vivemos em seu Reino. Que essa paz com Deus, diz Paulo, governe em tudo os seus corações num viver santo que em tudo o honre agora. Essa paz nos guia e nos faz viver de modo completamente diferente de todo o mundo. Não vivemos mais na expectativa deste mundo, mas de outro. Essa paz muda completamente a forma como pensamos, agimos, planejamos... como reagimos a adversidade, como trabalhamos, criamos filhos... TUDO! Não somos mais inimigos de Deus.

Que essa paz seja o árbitro, diz Paulo (brabeou) – Ou seja, ela está em você para corrigir, controlar, dirigir... Essa paz, que nos colocou de novo em comunhão com Deus, deve ser o fator determinante em nossos corações. Sendo assim, nossas vidas vão ser vividas de modo que essa comunhão em Santa obediência nos dominará em tudo.

A maneira que vamos reagir a todas as circunstâncias, a esperança, o que tende a nos amedrontar, as preocupações... todas essas coisas vão estar subjugadas a verdade maravilhosa de que nós temos paz com Deus em Cristo, e como resultado veremos que não há nada que possa vir contra nós que possa nos tirar da presença amorosa e dos braços eternos do Pai. Um coração governada por essa paz, jamais vai ser um coração dado ao desespero, ação precipitado...

O governo dessa paz faz dos eleitos homens e mulheres estáveis, úteis e que em tudo honram a Deus. Todas as situações que causam destruição em outros, os construirá e edificará. Essa paz necessariamente tira o foco de sobre nós mesmos e coloca ele em Deus. “Que a paz de Cristo seja o juiz em seus corações, visto que vocês foram chamados a viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos”. Colossenses 3:15

Gratidão flui abundantemente do coração em que essa paz reina e é o árbitro de todas as coisas. Um coração ingrato revela não ter entendido o básico dessa grande salvação.

O que está governando sua vida? A Palavra que Paulo usou significa “Dirigir, controlar”!

A Divindade de Deus



Por Arthur W. Pink

A verdadeira fé é aquela que dá a Deus o lugar que Lhe é devido. E se dermos a Deus o Seu lugar devido, assumiremos o lugar que nos é próprio – no pó. E o que pode trazer a criatura orgulhosa e auto-suficiente mais rápido ao pó senão uma visão da Divindade de Deus? Nada é tão humilhante para o coração humano como o verdadeiro reconhecimento da absoluta soberania de Deus. O principal problema é que muito do que é considerado fé, hoje, não passa de frágil sentimentalismo. A fé da Cristandade, neste século XX, é mera credulidade, e o “deus” de muitas das nossas igrejas não é o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, mas um mero fruto da imaginação, que mentes finitas possam entender, cujos caminhos sejam agradáveis ao homem natural (não nascido de novo), um “deus” totalmente “igual” (Salmos 50:21) àqueles que professam adorá-lo, um “deus” a respeito do qual quase não há mistério. Mas como é diferente o Deus que as Escrituras revelam! DEle é dito, Seus caminhos são “inescrutáveis” (Romanos 11:33). Para ser mais específico:

1. O “deus” moderno é completamente carente de poder.

A idéia popular, nos dias de hoje, é que a deidade é cheia de amigáveis intenções para com os homens, mas que Satanás está impedindo que se lhes faça algum bem. Não é da vontade de Deus, assim nos dizem, que haja guerras, pois as guerras são algo que os homens são incapazes de reconciliar com suas idéias da misericórdia divina. Então, a conclusão é que todas as guerras são do Diabo. Pragas e terremotos, fomes e furacões não são enviados por Deus, mas são atribuídos somente às causas naturais. Afirmar que o Senhor Deus enviou a recente epidemia de gripe (na época, matava –– Nota do Editor) como um golpe de julgamento, iria chocar a sensibilidade da mente moderna. Coisas como estas causam dor a “deus” pois “ele” NÃO deseja senão a felicidade de todos.

2. O “deus” moderno é completamente carente de sabedoria.

A crença popular é que Deus ama a todos, e que é da Sua vontade que cada filho de Adão seja salvo. Mas, se isto for verdade, Ele está estranhamento carecendo de sabedoria, pois Ele sabe muito bem que, sob as condições existentes, a maioria se perderá.

3. O “deus” moderno é carente de santidade.

Que o crime merece punição é aceito em parte, embora cada vez mais uma crença esteja ganhando terreno: a de que o criminoso é realmente mais objeto de pena do que de censura, e que ele precisa de educação e reforma ao invés de punição. Mas que o PECADO –– tanto pecados em pensamentos como em atos, pecados de coração como pecados da vida, pecados de omissão bem como de comissão, tanto a própria raiz pecaminosa como o seu fruto –– deva ser odiado por Deus, pecado contra o qual a Sua santa natureza se inflama, é um conceito que saiu quase que completamente de moda; e que o próprio pecador é odiado por Deus é negado com indignação mesmo por aqueles que se ufanam em alta voz da sua ortodoxia.

4. O “deus” moderno é completamente carente de prerrogativas de soberania.

Quaisquer que sejam os direitos que a deidade da Cristandade atual possa supostamente possuir em teoria, de fato eles devem ser subordinados aos “direitos” da criatura. Nega-se, quase universalmente, que os direitos do Criador sobre Suas criaturas seja o do Oleiro sobre o barro. Quando se afirma que Deus tem o direito de fazer um vaso para honra e outro vaso para desonra, o grito de injustiça ergue-se instantaneamente. Quando se afirma que a salvação é um dom e que este dom é conferido àqueles a quem Deus se agrada em dar, é dito que Ele é parcial e injusto. Se Deus tem algum dom para partilhar, Ele deve distribuir a todos igualmente, ou pelo menos distribuí-los àqueles que merecem, não importa quem possam ser. E assim é dada a Deus menos liberdade do que a mim, que posso distribuir minha caridade como bem quero, dando a um mendigo um pouco mais, a outro um pouco menos, e a um terceiro nada se assim achar por bem.

Como o Deus da Bíblia é diferente do “deus” moderno!

O Deus da Escritura é Todo-Poderoso

Ele é aquele que fala e é feito, que ordena e há prontidão. Ele é Aquele para quem “todas as coisas são possíveis” e “faz todas as cousas segundo o conselho da sua vontade” (Efésios 1:1)…

O Deus da Escritura é infinito em sabedoria

Nenhum segredo pode ser escondido dEle, nenhum problema pode confundi-Lo, nada é difícil demais para Ele. Deus é onisciente – “Grande é o Senhor nosso e mui poderoso; o seu entendimento não se pode medir” (Salmos 147:5). Portanto se diz, “Não se pode esquadrinhar o seu entendimento” (Isaías 40:28). Daí a razão porque numa revelação dEle nós esperamos encontrar verdades que transcendem o alcance da mente da criatura, e, portanto, é evidente a tolice presunçosa e a impiedade daqueles que não passam de “pó e cinza” ao tentarem pronunciar a racionalidade ou irracionalidade das doutrinas que estão acima da razão!

O Deus da Escritura é infinito em santidade

O “único Deus verdadeiro” é aquele que odeia o pecado com uma perfeita repulsa, e cuja natureza eternamente se inflama contra ele. Ele é Aquele que contemplou a impiedade dos antediluvianos e que abriu as janelas do céu derramando o dilúvio da Sua justa indignação. Ele é Aquele que fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma e Gomorra e destruiu completamente aquelas cidades da planície. Ele é Aquele que enviou pragas ao Edito, e destruiu seu orgulhoso monarca juntamente com seus exércitos no Mar Vermelho. Deus é tão santo e tal é o antagonismo da Sua natureza para com o mal que, por um pecado, Ele baniu nossos pais do Éden, por um pecado Ele amaldiçoou a posteridade de Cão; por um pecado Ele transformou a esposa de Ló numa coluna de sal; por um pecado Ele enviou fogo e devorou os filhos de Araõ; por um pecado Moisés morreu no deserto; por um pecado Acã e sua família foram todos apedrejados até à morte; por um pecado o servo de Elias foi ferido com lepra. Contemplem, portanto, não somente a bondade, mas também “a severidade de Deus” (Romanos 11:22). E este é o Deus com quem todo aquele que rejeita a Cristo tem que se encontrar no julgamento!

O Deus da Escritura tem uma vontade que é irresistível

O homem fala e se orgulha da sua vontade, mas Deus também tem uma vontade! Os homens tiveram uma vontade nas planícies de Sinear e a dedicaram a construir uma torre cujo topo alcançasse o céu; mas em que resultou? Deus também tinha uma vontade, e o esforço cheio de vontade deles resultou em nada. Faraó tinha uma vontade quando ele endureceu seu coração e se recusou a permitir que o povo de Jeová fosse ao deserto e lá O adorasse, mas em que resultou? Deus tinha uma vontade, também, e sendo Todo-Poderoso Sua vontade foi realizada. Balaque tinha uma vontade quando contratou Balaão para vir a amaldiçoar os hebreus; mas de que adiantava? Os cananitas tinham uma vontade quando eles determinaram impedir Israel de ocupar a terra prometida; mas até onde eles foram bem sucedidos? Saul tinha uma vontade quando ele arremessou sua lança contra Davi, mas, ao invés de matar o ungido do Senhor, a lança foi parar na parede.

Sim, meu leitor, e você também tinha uma vontade quando fez seus planos sem buscar primeiro o conselho do Senhor, e por isso Ele os fez cair por terra. Assim como uma criança pode tentar impedir o oceano de se mover, assim também a criatura pode tentar resistir ao desenrolar do propósito do Senhor –– “Ah! SENHOR, Deus de nossos pais, porventura não és tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na tua mão está a força e o poder, e não há quem te possa resistir” (2 Crônicas 20:6).

O Deus da Escritura é Soberano absoluto.

Tal é a Sua própria reivindicação: “Este é o desígnio que se formou concernente a toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas as nações. Porque o SENHOR dos Exércitos determinou; quem, pois, o invalidará? A sua mão está estendida; quem, pois, a fará voltar atrás?” (Isaías 14:26 e 27). 
A Soberania de Deus é absoluta e irresistível: “Todos os habitantes da terra são por ele reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?” (Daniel 4:35). 
A Soberania de Deus é verdadeira não só hipoteticamente, mas de fato. Isto quer dizer, Deus exercita Sua soberania, a exercita tanto na esfera natural quando na espiritual. Um nasce negro, outro branco. Um nasce em riqueza, outro em pobreza. Um nasce com um corpo saudável, outro enfermo e defeituoso. Um é cortado na infância, outro vive até a velhice. A um são dados cinco talentos, a outros só um. Em todos estes casos é Deus o Criador que faz com que um seja diferente do outro, e “ninguém pode deter Sua mão”. É assim também na esfera espiritual. Um nasce em lar piedoso e é criado no temor e na admoestação do Senhor; o outro é nascido de pais criminosos e é criado no meio do vício. Um é objeto de muitas orações, por outro não se ora. Um ouve o Evangelho desde a infância, outro nunca o ouve. Um senta-se sob o ministério de alguém que ensina as Escrituras, outro não ouve anda senão erros e heresias. Daqueles que ouvem ao Evangelho, um tem o seu coração “aberto pelo Senhor” para receber a verdade, enquanto outro é deixado para si mesmo. Um é “ordenado para a vida eterna” (Atos 13:48), enquanto que outro é “ordenado” para condenação (Judas 4). Para quem Deus quer Ele mostra misericórdia, e para com quem Ele quer, Ele “endurece” (Romanos 9:18).

Fonte: Revista Os Puritanos Via: Resistir e Construir

Um coração como o de Cristo

Amor1

Por Maurício Zágari

Vivemos dias curiosos na história da Igreja. Atualmente é muito fácil você se dizer cristão sem que, necessariamente, tenha um coração como o de Cristo. Muita gente se chama cristã mas não tem um relacionamento pessoal e íntimo com Jesus de Nazaré. Existem algumas características que mostram com clareza quem foi verdadeiramente alcançado pela graça do Cordeiro e ingressou no reino de Deus. Precisamos examinar nosso coração constantemente, para ver se não estamos fugindo do padrão que o Senhor estabeleceu para aqueles a quem adota como filhos. E, de todas as características de um cristão autêntico, uma se destaca: ele prioriza o próximo.

Assim como “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16), quem é morada do Espírito Santo entrega-se pelos outros. Devemos ter em nós “o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

Que exemplo! Numa época em que muita gente nas igrejas crê e prega que o cristão é o “vitorioso”, o que faz e acontece… Jesus nos ensina que é preciso esvaziar-se de si mesmo, servir, nivelar-se aos pequenos, humilhar-se, dar a vida pelos demais. Isso é ser cristão. “O grande mandamento na Lei [é]: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.36-40)

Época triste vivemos, em que muitos acreditam que serão dignos se tiverem cargos de destaque na igreja, títulos eclesiásticos garbosos, pompa e circunstância. É quando olhamos para Jesus e vemos que aquele Deus – nascido numa estrebaria de segunda categoria e posto no lugar onde bichos fedorentos se alimentavam, cercados por moscas e cheiro de estrume – abriu mão de tudo isso. Pelo contrário, lavou os pés dos pecadores. “Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também” (Jo 13.12-15).

Seu palácio foi uma carpintaria. Sua coroa não foi de ouro e diamantes, mas de espinhos. Seu trono não foi uma poltrona no centro da plataforma, mas uma cruz. Seu séquito não foi de bajuladores e serviçais, mas de escarnecedores que cuspiam nele e lhe batiam. Sua glória foi ficar nu ante todos, rasgado e furado enquanto o ofendiam. A lealdade que recebeu foi a traição e a debandada daqueles por quem se entregou. Distribuiu amor; recebeu bofetões, catarro, palavrões, abandono, traições, acusações falsas, desprezo, dor.

Mas chegou o terceiro dia. E, então, veio a perfeição. Aquele que serviu assentou-se à direita do Pai e foi servido pelos anjos. Aquele que foi ridicularizado tornou-se entronizado. Aquele que foi humilhado recebeu toda a glória. Jesus, após muito sofrer, não descansou, mas permanece conosco todos os dias, para levar sobre si os fardos de todos os que estão cansados e sobrecarregados.

Nós, porém, não queremos abrir mão de nada. Nosso coração inclina-se para o dinheiro, para acumular pilhas de bens materiais, para receber reconhecimento e fama. Queremos ter mais e mais seguidores nas redes sociais. Queremos prestígio. Não abrimos mão de nosso tempo pelo próximo. Não nos preocupamos com os demais de fato. Não choramos com os que choram, só desejamos nos alegrar com os que se alegram. Queremos que lavem os nossos pés – afinal, pagamos pelo serviço. Nosso coração está cheio de nós mesmos e vazio de amor ao próximo. E nos chamanos “cristãos”? Jesus disse: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13.34-35). Claro como água. Só é discípulo de Jesus quem ama o outro. E isso inclui o xexelento, o fedorento, o intragável, o revoltado, o desviado, o pecador, o leproso, o que não tem nada a lhe oferecer, o que vive precisando de você, o chato, o que tem mau hálito, o que te ofendeu e você não consegue perdoar. Aqueles que são tão ruinzinhos como você e como eu. Quer ser discípulo de Jesus, isto é, um cristão? Ame gente como você e eu: a ralé da humanidade, a escória.

Mas uma ralé por quem o Cordeiro de Deus entregou sua vida. Sim: a ralé vale o preço de sangue – e o sangue de Cristo.

Paulo escreveu: “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave” (Ef 1.1-2). Imitamos Deus? Andamos em amor? Nos entregamos como sacrifício? Negamos a nós mesmos e tomamos diariamente a nossa cruz? Se não o fazemos, “cristão” é um título que não nos pertence.

Amor! Só isso revela um coração cristão; um coração vivo e pulsante, que pulsa no ritmo do coração de Deus.

Precisamos nos examinar diariamente. Como anda o seu coração? Para que ele se inclina? O que você tem feito pelo próximo? Quem vem primeiro na sua vida? Quanto tem perdoado? Quanto tem chorado com os desesperados? Quanto tem se alegrado com a felicidade alheia que custou a sua?

Você quer ter um coração cristão, isto é, um coração como o de Cristo? Um coração no qual permanece o amor de Deus? Então ouça a voz do céu: “Se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado” (1Jo 4.12).

Paz a todos vocês que estão em Cristo,
Maurício