segunda-feira, 14 de abril de 2014

Depressão em cristãos


Por Walter McAlister
Era um dia de sol. Elias tinha lançado o desafio. Israel se achava nas garras de uma idolatria nacional. Acabe e sua rainha, Jezabel, tinham estabelecido o culto a Baal como religião oficial. Como servo do Altíssimo, o profeta foi levantado para chamar o povo de volta à aliança que o Senhor havia feito com Israel: seriam o seu povo e Ele, o seu Deus. Se tão somente lhe servissem, nenhuma outra nação gozaria de todos os benefícios da promessa feita a Moisés no Monte Sinai. Mas o rei tinha tomado uma estrangeira por esposa. Etbaal, o monarca dos sidônios, se aliou a Acabe e, para selar o acordo, deu sua filha para ser sua rainha – prática comum entre a realeza da época. Com ela foi junto a culto a Baal. E, gozando da cobertura do trono de Israel, aquela religião nefasta se alastrou. Os israelitas chegaram ao ponto de praticar sacrifício de sangue e orgias em praça pública – tudo para agradar o falso deus e garantir prosperidade nas colheitas e proteção contra inimigos.

O desafio era ousado, mas simples, como a Bíblia registra em 1 Reis 18: sobre um altar de pedras, um animal esquartejado seria exposto e o verdadeiro Deus mandaria fogo para consumir o sacrifício. Quatrocentos e cinquenta profetas de Baal invocaram o seu deus. Horas se passaram. Nada aconteceu. Não veio fogo. A deidade invocada não compareceu. Sua impotência ficou óbvia para todos.

Elias mandou encharcar o sacrifício a Jeová com água até encher a vala cavada ao redor do monte de doze pedras, ajuntadas como altar. Não poderia haver dúvidas de que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o verdadeiro. A sua vez chegou e, mediante a oração de Elias, o Senhor mandou fogo do céu – que consumiu o sacrifício e até a água escorrida para o chão. Em choque, o povo assistiu e reconheceu a falsidade do culto ao qual tinha sido seduzido. Seguraram os profetas de Baal e o próprio Elias passou cada um deles à espada. Matou 450 profetas de uma só vez.

O que a Bíblia não diz é que isso é muito cansativo. Matar 450 pessoas com uma espada após erguer um altar e orar não é para qualquer um. O homem estava gasto, enfraquecido, exausto. Estava na hora de tirar férias e desfrutar do triunfo que o Senhor lhe concedeu. Agora sim haveria o restabelecimento do culto ao verdadeiro Deus em Israel. Mas… isso não aconteceu. Assim que Jezabel recebeu a notícia, já em 1 Reis 19, mandou dizer a Elias que o episódio não ficaria impune. Certamente ela teria a sua vingança e o profeta seria um homem morto. Fraco e exausto, aquela virada perante uma vitória quase certa foi um golpe para ele, que, então, foge para o deserto.

Ali vemos algo que poucos reconhecem, hoje em dia. Elias se viu numa profunda depressão. Sei que depressão não é um termo bíblico, tampouco teológico. Mas ele fugiu para um lugar ermo. Em seguida, pediu a Deus para morrer. Sim, o vitorioso Elias queria morrer. O revés foi uma rasteira emocional de proporções inimagináveis. Qualquer um que já sofreu de depressão, ou que conhece alguém amado que sofre desse mal, enxerga no profeta alguém que certamente estava muito mais do que “para baixo”.

Depressão não é uma derrota espiritual. É uma condição humana que pode surgir por muitas razões. Certamente, uma derrota nos deixa para baixo. Mas… pedir para morrer? Isso é forte. Muito além de tristeza momentânea, o desejo pela morte é claramente um sintoma de depressão.

Servos de Deus passam por isso. Pessoas piedosas e espirituais também. O termômetro emocional sobe e desce, mesmo na vida de cristãos cheios de fé. Alguns passam por isso devido às circunstâncias. Mas há outras fontes de depressão. Existe o desequilíbrio químico, a menopausa, uma carência hormonal e até um trauma forte (como no caso de Elias). Todos esses fatores podem vir à baila e desencadear um processo que leva tempo para ser resolvido.

Nesses casos, a confissão positiva, o encorajamento e uma chamada à responsabilidade para ser um “vencedor” não ajudam. Temos de entender que o que está acontecendo dentro dessas pessoas resiste a estímulos externos. Resiste aos apelos dos que dependem delas. É algo sobre o qual não têm controle. Querem reagir, mas não conseguem. Seu mundo ficou cinza. Seus sentidos ficaram lerdos. Sua percepção da realidade fica distorcida. Medos surgem. Medos sem fundamento. Choram por nenhuma razão aparente. Frequentemente não conseguem parar de chorar por horas. Sua energia desaparece. Muitos ficam acamados por horas e horas, dias e dias, para o desespero dos que querem ajudar.

Se for o caso de uma esposa, o marido se vê impotente de protegê-la desse mal. Por mais que procure ajudar, apoiar e reafirmar seu amor, ela fica prostrada. E o cônjuge passa a se sentir triste, com raiva, revoltado (até com Deus). Volta e meia a pergunta salta de seus lábios: “Por quê, Senhor?!” Os médicos dizem que quem vive com alguém deprimido acaba deprimido também. Tem os sintomas, mas sem a doença – é uma síndrome chamada fadiga por compaixão.

Sei o que é isso. Tenho sido aquebrantado pela condição da minha amada esposa, Martinha. Vítima de dor crônica e menopausa, ela sofre de depressão já há alguns anos. Muitos queriam que eu escondesse o fato. “Pessoas não vão entender”, dizem. Pois está na hora de entender. Não conheço uma pessoa mais piedosa, de oração, amorosa e criativa do que ela. Apesar das dores, é uma menina de coração. É autora premiada de livros infantis, uma mãe de oração e criou dois filhos que honram o seu Senhor e andam nos Seus caminhos. Se alguém tem fé e um espírito leve é Martinha. Mas ela sofre.

O que tem ajudado é o tratamento. Muitos rejeitam medicamentos como se tomá-los fosse uma derrota espiritual. Posso assegurar que essa é uma das mentiras mais cruéis que já ouvi. Os que afirmam isso não têm a menor noção do que estão falando. Deus deu ao homem a capacidade de tratar males. A Medicina não é a rejeição da fé. Seja uma Aspirina para dor de cabeça, uma cirurgia de apendicite ou um antidepressivo, essas coisas são uma dádiva da ciência que Deus nos deu a capacidade de criar.

Para você que se esconde, torcendo para que ninguém descubra a sua dor, saiba que está em boa companhia. Elias sofreu disso. Minha Martinha sofre disso. E Deus não o abandonou. Por que sofremos tanto? Não é uma pergunta teológica para mim. É um clamor. Sei o que a Bíblia diz. Sei que Deus me ama. Sei que esses “sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.” (2 Co 4.17). Ainda choro e sinto-me muito mal. Mas é nessa esperança que me lanço. Quando as lágrimas vêm, é nessa fé que me estribo. Não perca a sua. Deus sabe o que faz. Por favor, creia nisso.

Na paz,
+W

Depressão, o cárcere da alma


Por Rev. Hernandes Dias Lopes
A depressão foi definida por Andrew Solomon como um parasita que suga a seiva da nossa vida. É como engolir seu próprio funeral e vestir-se de uma roupa de madeira. A depressão é o cárcere da alma, a masmorra das emoções, o cativeiro que priva milhões de pessoas de nutrirem na alma, a esperança do amanhã. A depressão é classificada como uma doença e, essa doença, que possui múltiplas causas, atinge ricos e pobres, jovens e velhos, doutores e analfabetos, religiosos e ateus. A depressão é uma doença que provoca muitas outras. Se não tratada convenientemente pode desembocar em tragédias irremediáveis. A depressão é a principal causa do suicídio no mundo.
John Piper, em seu livro O Sorriso Escondido de Deus, trata deste assunto com esmerado cuidado. Há duas posições que circulam no meio evangélico sobre o assunto, que revelam um desequilíbrio perigoso. A primeira delas liga a depressão à ação demoníaca. Os defensores dessa vertente afirmam que as pessoas deprimidas estão oprimidas e até possuídas por demônios. A segunda interpretação vincula a depressão a algum pecado específico ainda não confessado. Assim, uma pessoa fica deprimida porque esconde algum pecado que precisa ser confessado e abandonado. Não subscrevemos essas duas interpretações. Julgamo-las deficientes e assaz injustas. É muito verdade que uma pessoa pode ficar deprimida em virtude de seu envolvimento com demônios e também como resultado de algum pecado escondido. Porém, uma pessoa pode ser assolada pela depressão, mesmo levando uma vida cheia do Espírito Santo. Assim como um indivíduo pode ser cheio do Espírito e ter um problema cardíaco, também uma pessoa pode estar plena da presença de Deus e enfrentar o drama da depressão.
Se há várias causas que provocam a depressão, também há vários sintomas que a revelam. O primeiro sintoma é que a pessoa deprimida é tomada por uma desesperança crônica e passa a enxergar a vida pelas lentes escuras do pessimismo. Não vê uma luz no fim do túnel nem janelas de escape. Foi o que aconteceu com o profeta Elias. Pensou que somente ele havia restado dos profetas de Deus em Israel, quando na verdade sete mil ainda não haviam se dobrado a Baal. O segundo sintoma é olhar para a vida pelas lentes do retrovisor. Uma pessoa deprimida sente uma saudade mórbida dos bons tempos que se foram e se desespera diante das incertezas do seu futuro. Sente-se num calabouço existencial e sem ânimo e forças para sair desse cárcere da alma. Nessa saga cheia de pavores, flerta com a própria morte. Não que seu desejo seja de fato morrer, mas é que sente uma dor tão profunda na alma que o único alívio que consegue vislumbrar é o alívio da morte. Não podemos subestimar esses presságios que rondam a alma de uma pessoa depressiva. Isso é uma espécie de alarme, uma trombeta que precisa de encontrar ouvidos sensíveis. É por essa razão, que o terceiro sintoma de uma pessoa deprimida é um completo desânimo quanto ao futuro. É o desejo de fechar as cortinas da vida e colocar um ponto final na existência.
Como devemos lidar com a depressão? Como ajudar uma pessoa deprimida? Primeiro, precisamos orar por ela e com ela. Depois, precisamos cientificar-nos se essa pessoa está recebendo o tratamento médico adequado para a sua doença. Ainda, precisamos estar perto dela, oferecendo-lhe um ombro amigo, um ouvido atento e um coração generoso. Finalmente, precisamos compartilhar com ela a esperança do evangelho, o poder da graça de Deus e o consolo das Escrituras. Deus nos vivifica segundo a sua Palavra. Ele tira a nossa alma do cárcere. Ele acende uma luz de esperança no túnel escuro do nosso sofrimento. Deus arranca os gemidos da nossa alma e coloca em nossos lábios, um cântico de vitória. Em síntese, trata-se da depressão com remédio, terapia e fé.

Separado dos pecadores ou comilão e glutão?



Por Josemar Bessa
“Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado,separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” - Hebreus 7:26 - Apenas parte da verdade nos leva ao completo erro.

Muitas vezes o homem vai até as Escrituras não para ser transformado por ela, mas para tentar encontrar uma justificação para o seu estilo de vida, estilo de vida que não flui da prioridade de ver Deus glorificado na sua vida, mas centrado em si e em seus deleites.

Esse tipo de motivação fecha os olhos do entendimento das Escrituras. Muitos justificam seu estilo de vida (muitas vezes até dizem estarem sendo apenas missionais) baseado num texto de Mateus 11.19 que diz: “...e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores” -Mateus 11:19

É assim que Cristo se descreveu? É assim que Mateus descreveu Jesus? É assim que o Pai descreveu o Filho. Jesus foi referido por seus inimigos como“glutão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” – Esses mesmos inimigos disseram: “Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios” Lucas 11:15 – Esses mesmos homens disseram que João Batista tinha demônio: “Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio” - Mateus 11:18

Jesus não era nenhuma das coisas que a expressão quer mostrar, nem ele procurou tal reputação. Essa era a maneira de os Fariseus... difamarem o Filho de Deus, João Batista...

Ele era um “amigo de publicanos e pecadores”, apenas no sentido de que os levantou e salvou ( como Zaqueu, por exemplo, ou o próprio Mateus ) – os tirou para fora do lamaçal do pecado e colocou seus pés sobre a rocha. Tentar usar a difamação dos Fariseus como desculpa para o mundanismo, mostra a mesma hostilidade, por fim, a quem Cristo de fato era – O Deus santo, o santo Filho de Deus: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” - Hebreus 7:26 – Separado dos pecadores. Essa não é uma definição que flui dos fariseus – mas de Deus.

Ele era um “amigo de publicanos e pecadores”, apenas no sentido de que os levantou e salvou, mas não em adotar ou incentivar a sua vida e seu estilo de vida de amor ao pecado, usando seu linguajar chulo, obsceno... por abraçar seus valores moldados pelo pecado, por abraçar o pecado como entretenimento... abraçando essas coisas a fim de ganhar sua admiração ou ganhar a adesão deles como discípulos... Isso é simplesmente cometer a mesma blasfêmia dos fariseus – Ele era “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores...” – Ele confrontou a maldade e repreendeu seus pecados tão corajosamente como ele pregou contra os erros dos fariseus: “Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno”. - Mateus 18:7-8

Cristo também comeu e bebeu com fariseus - “E rogou-lhe um dos fariseus que comesse com ele; e, entrando em casa do fariseu, assentou-se à mesa” -Lucas 7:36 – tão facilmente como Ele comeu com publicamos. Nenhum dos dois – publicanos ou fariseus – moldaram a vida dEle. A vida dos dois grupos era uma vida que desonrava a Deus, digna de Seu desprazer e juízo – e os dois grupos de homens foram chamados ao arrependimento e a mudança radical operada pelo Espírito Santo que leva o homem a viver como Paulo descreveu: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus -.Romanos 12:1-2

A diferença significativa entre o cobrador de imposto típico, não é que sua vida não mudou e ele continuou com o mesma visão e estilo de vida, mas achou Jesus legal. A diferença é exatamente que eles estiveram mais dispostos a confessar seu pecado, seu estilo de vida ofensivo a Deus e confessar sua própria necessidade desesperada de perdão e transformação de sua vida que os fariseus. A diferença foi exatamente não continuarem sendo os mesmos. É o que aconteceu com Mateus. Ele foi chamado ao arrependimento e foi completamente transformado: “E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na recebedoria um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu”. Mateus 9:9 – Ou seja, ninguém pode usar o cobrador, publicano Mateus, para justificar sua falta de transformação que afeta toda a sua vida, valores... do mundo para Deus, do pecado para a santidade...

A Bíblia não faz a menor sugestão que Jesus assumiu a aparência e o estilo de vida de um publicano, seus prazeres pecaminosos... tenha se tornado um glutão... (par dizer pouco)... a fim de ganhar a aceitação de uma subcultura sem Deus. Ele não o fez. Ele mesmo era e é o Deus santo, “separado dos pecadores!”.

Enaltecer símbolos de indulgência carnal, como se fossem válidos como emblemas da identidade espiritual, não passa de desculpa de um coração mundano. Nenhuma indulgência carnal pode promover a glória e a causa do reino de Deus.

Quando disfarçamos o estilo de vida do homem sem Deus e em seus pecados como estratégias... isto não altera a sua verdadeira natureza. O homem que faz isso na verdade se assemelha a Ló, que armou sua tenda na direção de Sodoma, e não com Cristo, que é “santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores...”

A descrição e visão que os fariseus tinham de Filho de Deus: “...e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores” -Mateus 11:19 - “Mas alguns deles diziam: Ele expulsa os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios” Lucas 11:15.

A descrição de Deus: “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus...” - Hebreus 7:26

Que descrição encontra a alegria do teu coração e molda sua vida?