quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Lágrimas Desconhecidas aqui!


Por Josemar Bessa

Há situações descritas por outras pessoas que são tão impressionantes que nossas mentes tem dificuldade de processar e imaginar. Em Apocalipse 5 nós temos uma dessas cenas impressionantes assim.

Um anjo forte diante de todo o exército dos céus está fazendo uma “pesquisa” exaustiva e convocando alguém capaz de abrir “o livro” que está nas mãos de quem está assentado no Trono.

“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele.” - Apocalipse 5:1-3

A questão é: o que contém este livro?

Baseado no que vemos acontecer neste capítulo e nos capítulos subsequentes, dali flui o juízo iminente de todo pecado, de toda maldade.... de TUDO que na história humana roubou a glória de Deus que tudo criou para manifestá-la. E agora o juízo está pronto para ser derramado sobre todo roubo dessa glória.

O que lemos nos capítulos sucessivos a partir daí, é o desencadeamento da Ira do Cordeiro. Todos os atos de Deus purgando toda a maldade do coração humana, toda a ruína trazida por isso a esse planeta, todo pecado e sua mancha... o início da restauração de todas as coisas de uma criação que está gemendo onde tudo manifestará a glória do Criador... é um conteúdo que em sua plenitude é insondável por nós.

E este anjo forte é enviado e completa a chamado por toda terra e céu e NINGUÉM em toda a criação é achado “digno”, qualificado para abrir o livro. NINGUÉM!

O apóstolo João tem uma reação forte a isso ( Deus queira que nossos corações sintam como o dele ) – “E eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro, nem de o ler, nem de olhar para ele.” - Apocalipse 5:4

João começa a chorar totalmente tomado pela emoção mais profunda. Por que? Por que? Esse, o mundo em que vivemos, é abundante em lágrimas, mas essas lágrimas de João são estranhas para este mundo. Ele chora, todas as suas entranhas se comovem, olhe para o texto, porque ninguém era digno de abrir o livro ou sequer olhar para ele.

O que isso significa?

Bem, se o livro contém o julgamento posterior de Deus sobre toda a impiedade e tudo que lhe “roubou” sua glória, ou não dar um testemunho verdadeiro dela, (cada pecado é uma mentira sobre o Criador) – e se o livro é um catalisador para trazer a restauração final de todas as coisas para a glória de Cristo, do Pai, do Espírito Santo, e não pode ser aberto, então... então estamos presos... então a glória de Deus não vai ser vindicada.

Isso não pode acontece! Isso não pode acontecer, e João sabe que ninguém entre os homens ou até mesmo entre todos os anjos do céu podem vir e tomar este livro e executar o seu conteúdo... então ele está angustiado, totalmente angustiado. Seu coração está em pedaços, rasgado... pois parece que Os propósitos de Deus parecem ser frustrados se ninguém pode abrir o livro e dar início a vindicação da glória de Deus.

A palavra usada é a mesma na construção do choro de Pedro ao negar a Jesus:“E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus, que lhe dissera: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” - Mateus 26:75 – É um grito alto e amargo.

Isso te faz chorar? O que te faz chorar? O que tem feito a igreja chorar?
João está emocionalmente totalmente perturbado com a perspectiva de o pecado não ser tratado, a glória de Deus não ser vindicada e a restauração de tudo para a glória de Deus não ser realizada.

Você já se encontrou com lágrimas nos olhos por causa da glória de Deus? São lágrimas que este mundo não conhece. As lágrimas do mundo são auto-centradas. São antropocêntricas.

Pense agora em todas as abundantes lágrimas que foram derramadas por todos os santos ao longo da história chorando pela vindicação do Nome de Deus. Orações como as do Salmo 13, que clama aos céus: “...até quando Senhor” – todos os verdadeiramente redimidos em Cristo clamando “venha a nós o Teu Reino...” – Séculos e séculos de clamor por uma vindicação da glória de Deus que trouxesse plena restauração a todas as coisas. Suas lágrimas estão entre essas?

Aqui João chega ao fim do tempo, ao fim da estrada, diante do Trono. Ele vê o livro que contém o plano da batalha que traz a consumação dos séculos, e então ele vê a busca exaustiva desse anjo forte por todo o universo e eras... para que alguém possa tomar o livro e executar seu conteúdo... Mas NINGUÉM é encontrado!!

João está chorando pelo julgamento, pelo juízo, pela vindicação do Nome e da Glória de Deus. Seu choro está conectado à purificação do planeta do pecado, do universo manchado pelo pecado... Mesmo quando pedimos e oramos pela volta de Cristo, tristemente nossas lágrimas, na maioria das pessoas, não estão sendo derramadas por causa da glória do nome de Deus que deve ser vindicado.

No entanto João e os santos no Apocalipse, oram pela expressão máxima do que é “venha o teu reino” – julgue todo pecado, vindique o Seu santo Nome, trazendo uma restauração plena que Te exalte completamente, trazendo uma exaltação infinita no coração de todos os que amam a Sua vinda.

Não é difícil chorar e sentir angústia sobre todas as coisas que trazem sofrimento para nós pessoalmente ou pelo nosso mundo. Mas aqui João está sendo tão diferente da grande maioria dos homens. Infelizmente da grande maioria dos que se dizem cristãos em nossos dias. A tristeza de João não está encerrada sobre si mesmo, mas sim sobre a GLÓRIA e a VINDICAÇÃO de Deus.

Que em Sua graça infinita, Deus nos conceda um coração que possa chorar as lágrimas que este mundo de lágrimas não conhece.

QUANDO DEUS NÃO QUER, NÃO ADIANTA INSISTIR!

Por Fabio Campos
Texto base: Atos 22. 17-21
Paulo tinha decido ir até Jerusalém para pregar o evangelho aos judeus. Ele e os demais irmãos sabiam do grande problema que iria enfrentar. Mesmo alertado sobre tudo isso, inclusive pelo Espírito (At 21.4), Paulo estava determinado a estar entre os seus compatriotas. Podemos ver o seu grande amor para com eles quando ele escreve aos Romanos:

“Digo a verdade em Cristo, não minto; minha consciência o confirma no Espírito Santo: tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça,o povo de Israel”. – Romanos 9. 1-4

Paulo mesmo depois de alertado prosseguiu viagem rumo a Jerusalém. Em uma das paradas, passou alguns dias na casa o evangelista Felipe, um dos sete diáconos ordenado pela igreja (At 21.7-9). Um profeta chamado Ágabo, desceu da Judéia para encontrar com Paulo; ele alertou Paulo novamente, pelo Espírito, que o apóstolo seria açoitado em Jerusalém. Nisto toda a igreja se comoveu e afligiu-se com o alerta, rogando a Paulo que não fosse para Jerusalém (At 21.10-12). Mas nada mudara a opinião de Paulo que ele devia pregar em Jerusalém, e assim disse:

“Por que vocês estão chorando e partindo o meu coração? Estou pronto não apenas para ser amarrado, mas também para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus". Como não pudemos dissuadi-lo, desistimos e dissemos: "Seja feita a vontade do Senhor". – Atos 21. 13-14

Paulo, então, partiu para Jerusalém. Lá chegando, os irmãos o receberam com muita alegria. Mas o alertaram de como o seu nome estava sendo mencionado entre os judeus. Estavam o acusando de apostata, dizendo que ele estava ensinando por toda parte a não circuncidar os filhos e que também todos os costumes da tradição dos judeus precisavam ser deixados de lado (At 21.17-22). A estratégia sugerida pelos irmãos a Paulo, para preserva-lo e também para que a mensagem fosse aceita entre os judeus, era que ele rapasse sua cabeça, no voto de nazireu, demonstrando que ele não estava desprezando a Lei (At 21.23-26).

Paulo foi ao templo e não demorou muito para que uma multidão o agarrasse e o batesse, ao ponto das autoridades romanas intervissem para que apóstolo não morresse (At 21.27-36). Paulo, então, foi levado para a fortaleza; lá ele teve a autorização para falar a multidão (At 21.37-40). Ali ele expôs o seu testemunho de como o Senhor o apareceu e o conduziu até os gentios (At 22).

Podemos aprender algumas coisas com este magnífico relato das Escrituras:

1) Precisamos discernir a vontade de Deus do nosso desejo. Um homem guiado por Deus e chamado para uma missão, poderá por um tempo resistir à direção Divina, todavia, as coisas não irão bem para ele. Veja o caso de Jonas. Deus o chama para pregar a Nínive, mas ele se recusa por questões pessoais. Quando o Senhor Jesus apareceu a Paulo, Ele disse:“Resistir ao aguilhão só lhe trará dor” (At 26.14). A linguagem empregada para a figura de Paulo é a de um boi indomável, que só pode ser amansado através de aguilhões; ou seja, quanto mais o boi se mexia, mais as pontas dos aguilhões perfuravam sua pele lhe trazendo dor.

Não podemos fugir de Deus. Quanta bênção é saber que o Senhor conta conosco, e se for preciso, para não deixar que desviemos, Ele quebra nossa pata; assim como faz o pastor com as ovelhas rebeldes que ficam para trás, quebrando uma de suas patas para que não seja devorada por um lobo, assim o Senhor faz conosco, trazendo uma intranquilidade no nosso coração, para que a Sua vontade seja Soberana em nossa vida. 

2) Não somos a pessoa ideal a qual pensamos ser. O Senhor alertou Paulo a respeito de sua mensagem, que ela não seria aceita em Jerusalém. Paulo retrucou dizendo ser a pessoa ideal mencionando suas prerrogativas, dizendo ser ele que perseguia os cristãos, a fim de prendê-los e açoita-los. Lembrou também que tinha consentido na morte de Estevam, quando ele ficou a cuidar das roupas dos que o matavam.

Quem mais poderia pregar aos judeus com tanta propriedade a não ser Paulo? Certamente, eu e você votaríamos em Paulo para este ministério. Mas Deus é Soberano e faz como lhe aprove a fazer sem precisar dar satisfação a ninguém. Precisamos descansar na Sua Soberania, sabendo que é Ele quem guia os nossos passos:

“Em seu coração o homem planeja o seu caminho, mas o Senhor determina os seus passos”. – Pr 16.9 (NVI)

Como é bom saber “que todas as coisas Deus têm convergido para que cooperem com o seu propósito” (Rm 8.28). Quando as coisas não tiverem saindo do nosso jeito, se estivermos em temor, precisamos apenas confiar que estão acontecendo conforme a vontade de Deus. O Senhor não insistiu com Paulo a fim de persuadi-lo a desistir do plano de pregar em Jerusalém. Ele apenas ordenou: “Vá, eu o enviarei para longe, aos gentios” (At 22.21).

3) Deus não abre mão do coletivo em prol do individualismo. Recorremos novamente ao relato do profeta Jonas. Deus não abriu mão dos ninivitas em prol dos caprichos doutrinários de Jonas. A resposta do Senhor para Jonas:

“Contudo, Nínive tem mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem nem distinguir a mão direita da esquerda, além de muitos rebanhos. Não deveria eu ter pena dessa grande cidade?” – Jn 4.11 (NVI)

E o livro do profeta terminou com esta pergunta: “Não deveria eu ter pena dessa grande cidade”?

Paulo queria muito pregar para os judeus, entretanto, o Senhor queria salvar os gentios. Se hoje o Evangelho chegou a mim e a você, que não éramos judeus foi por causa de Paulo, especificamente por conta deste versículo: “Vá, eu o enviarei para longe, aos gentios” (At 22.21).

Pedro fora constituído para levar o Evangelho aos judeus, enquanto que Paulo foi ordenando para levar o Evangelho aos gentios. E hoje estamos aqui, na divisa de Osasco com São Paulo, falando do Evangelho, salvos e remidos, porque Deus não abriu mão de nós em prol de um desejo pessoal do Amado Apóstolo Paulo.

Que o nosso coração entenda isso, muito mais do que ser abençoado, é abençoar, como disse Jesus: “Há maior felicidade em dar do que em receber” (At 20.35).

4) Não precisamos nos assustar, pois a vontade de Deus é boa, perfeita e agradável. O Senhor nunca nos colocará numa “fogueira”. Ele sabe o que faz. Como está escrito:

“Há caminho que parece reto ao homem, mas no final conduz à morte”. – Pv 16.25 (NVI)

Se o Senhor está fechando uma porta, Ele sabe o que está fazendo. Se Ele está abrindo e você não se sente capaz, Ele também sabe o que está fazendo. Não precisamos temer. Quando o nosso coração estiver aflito, o segredo é se lançar em Deus, pois Ele tem cuidado de nós. Como disse Martinho Lutero:

"Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno"

Então, irmãos, vimos aqui que 1) precisamos discernir a vontade de Deus do nosso desejo; 2) Que não somos o que pensamos ser, mas o que Deus faz e fez em nós; 3) Que Deus não abre mão do coletivo em prol do individualismo; 4)Que não precisamos nos assustar com a direção de Deus, pois Sua vontade é boa, perfeita e agradável.

Deus usou a vida de Paulo tremendamente. Ainda que ele não tenha estado entre os doze, em doutrina, foi o principal apóstolo alistado pelo Senhor Jesus. O mundo dos gentios foi ganho por este homem. Mesmo sem entender, ele encarnou a ideia de pregar aos gentios, e por eles teve um grande carinho. Veja quando Pedro foi repreendido por Paulo, ao ponto do Apóstolo dizer que a conduta de Pedro fora “condenável”. Pedro estava na mesa com os gentios, quando, porém, chegaram os judeus, temendo, Pedro afastou-se dos gentios. Então, Paulo disse:

“Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus”? – Gálatas 2.14 (NVI).

Vamos continuar confiando em Deus. De onde me virá o socorro? Nosso Socorro vem do Senhor! Ele tem cuidado de nós; quando as coisas não derem certo, entenda, pode ser um livramento. Quando uma porta se fecha, Deus está abrindo uma muito maior. Nada pode deter o plano de Deus, pois agindo Ele, quem impedirá?

Nós estamos guardados nesta promessa. Portanto, se Deus não quer, não insista. Apenas se deixe ser movido pelo Espírito, o qual fará grandes coisas através de nós. Amém!

Soli Deo Gloria!